O autismo na adolescência Saúde da Criança
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A adolescência é um desafio para todos, mas pode ser muito maior para jovens com autismo e seus pais. Como acontece com a maioria dos aspectos do autismo, o nível de dificuldade varia a depender do indivíduo no espectro, sua situação familiar, seu sistema de apoio e sua escola.
Com demandas sociais muito altas e a dificuldade do portador do TEA de entender determinadas regras e metáforas, quando a criança chega à adolescência, ela continuará precisando de apoio profissional. As demandas se modificam e passam a ser mais relacionadas a questões acadêmicas e sociais. A aquisição de independência, profissionalização e até mesmo respeito a determinadas convenções sociais se fazem necessárias para a adaptação deste adolescente.
O acompanhamento de um psiquiatra durante todo esse período também é muito importante para que haja avaliação da necessidade de medicação bem como terapias necessárias.
Existem muitas maneiras pelas quais os pais podem se preparar e facilitar a transição para a adolescência.
Abaixo algumas das dificuldades frequentemente encontradas nestas crianças:
Dificuldade de entender ou ser entendido.
Enxergar as situações sociais de maneira mais direta e literal e bem menos intuitiva ou abstrata que os neurotípicos.
Dificuldade de fazer amizades ou iniciar e manter relações amorosas.
Resistência às alterações narotina e pouca flexibilidade às mudanças.
Hipersensibilidade sensorial com luzes, alimentos, texturas, entre outras coisas.
Predisposição a transtornos de ansiedade e depressão.
Mudanças Corporais
A orientação nesta esfera deve ser clara, consistente e direta, o que significa que você deve ser explícito, específico.
Algumas opções para preparar seu filho para o início das mudanças físicas incluem:
Ajudar seu filho a escolher um desodorante com um cheiro de sua preferência e supervisionar seu uso diariamente
Orientação de banho diário, garantindo higiene adequada, mas também estimulando sua independência
Continue usando as ferramentas que já se adequavam para o ensino da criança, como histórias sociais, livros, aplicativos etc. Eles vão complementar a educação sexual que já está no currículo de várias escolas. É importante orientar sobre ereções, menstruação e higiene íntima.
Se você tem uma filha, ensine-a a usar produtos de higiene feminina e supervisione se ela os troca regularmente
Alguns portadores do TEA podem apresentar comportamentos inadequados em público
A orientação parental deve ser assertiva e tranquilizadora:
Deve ficar claro que não há problemas na prática de masturbação, por exemplo, mas que esta deve ser realizada de forma reservada
A terapia comportamental pode auxiliar nestas questões.
Escolaridade
Muitas pessoas com autismo podem apresentar problemas pedagógicos que variam desde dificuldades de concentração, compreensão de conceitos mais abstratos, associação com comorbidades como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou ainda algum grau de deficiência intelectual
É muito importante manter, sempre que possível, uma adaptação do currículo escolar considerando as características individuais do portador do TEA
Questões emocionais
Além dos altos e baixos usuais da adolescência, adolescentes com autismo podem enfrentar alguns destes desafios adicionais:
Imaturidade emocional que se manifesta em interesses infantis ou respostas emocionais que seriam esperadas em uma criança muito mais jovem
Altos níveis de ansiedade, especialmente quando confrontado com demandas inesperadas ou mudanças na rotina
Dificuldade em entender os sinais sociais, tão evidentes nesse período de formação de identidade, o que pode gerar sentimentos de rejeição e estranheza.
Bullying, provocação e / ou exclusão social com base em comportamento "estranho", padrões de fala e / ou interesses
Podem ocorrer reações variadas e extremas ao estresse, como agressão, raiva, fuga e até depressão e intenções suicidas.
Muitos desses problemas podem ser atenuados ou mesmo resolvidos se forem tratados antecipadamente e de forma criativa. Algumas opções incluem:
Incentivo à participação de grupos de discussão sobre habilidades sociais.
Utilizar diálogo direto, como por exemplo: “o que quer conversar na mesa do almoço?”
Consultar um médico psiquiatra regularmente para que seja avaliada a necessidade de medicamentos para ansiedade e depressão.
Estimular a descoberta de suas próprias habilidades e interesses particulares e como isto pode auxiliar a se conectar com pessoas com o mesmo interesse. Exemplos: clubes de leitura, roda de jogos eletrônicos ou de tabuleiro, clube de artes, esportes etc.
Intervenção comportamental e terapia
Autismo na adolescência – a ponte para a vida adulta
Dependendo do grau do autismo do seu filho ou filha, ele poderá viver de maneira independente de você, e existem muitas oportunidades de viabilizar essa vida. Mas é importante que, nesses anos, você seja um grande colaborador na construção desse caminho para a vida adulta. Em resumo, é uma questão de se planejar o quanto antes para aumentar as chances de sucesso.
Agora é a hora de começar:
Trabalhe em conjunto com a escola para monitorar a transição dos interesses do adolescente até que ele se forme.
Informe-se de tudo que está disponível na sua cidade a fim de viabilizar a entrada do autista na sociedade. Saiba o que é preciso sobre leis, sobre empregos, sobre cotas e tudo mais que possa ser útil.
Se o adolescente demonstrar interesse numa área potencialmente profissional, converse, por exemplo, sobre cursos técnicos e universidades. Procure, então, o modelo mais adaptado para seus déficits e suas habilidades.
Introduza lições sobre como é, de fato, morar sozinho ou como é dividir uma casa com amigos.
Fique atento, em especial, às doenças às quais os autistas são mais predispostos
Acompanhe de perto tanto o físico quanto o psicológico do adolescente.
Referências bibliográficas
https://www.autismoemdia.com.br/blog/autismo-na-adolescencia/
https://www.grupoconduzir.com.br/autismo-e-adolescencia-quais-os-principais-desafios/
https://www.verywellhealth.com/autism-in-teenagers-5071307