Tive COVID-19, estou imune? Epidemias
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A COVID-19 é uma infecção viral muito recente, surgiu há cerca de cinco meses e o vírus causador (SARS-CoV-2 ou Coronavírus) ainda está sendo estudado por ter características muito próprias, com comprometimento de várias regiões do corpo e se apresentando com gravidades diferentes em cada pessoa. A ciência, apesar de já ter identificado o vírus, não conhece totalmente a doença e portanto, não conseguiu ainda definir tratamentos medicamentosos ou vacinas, apesar de todos os esforços globais. No entanto, já foi possível o desenvolvimento de exames para detecção, mas ainda restam muitas questões para serem respondidas, entre elas a aquisição de imunidade após ter tido diagnóstico de COVID-19.
Existem alguns relatos de pessoas que tiveram a doença e, quando novamente testadas, apresentaram o vírus no exame RT-PCR, o mais indicado para o diagnóstico. Este exame detecta a presença do vírus, propriamente dito, em material retirado da mucosa nasal e da garganta, o que geralmente acontece entre o terceiro dia e 10º dia da doença ativa no organismo. Depois desse período, em tese, o vírus vai se inativando, podendo não ser mais detectado pelo RT-PCR, e apenas os anticorpos produzidos contra o Coronavírus poderão ser detectados
Como houve esses registros de casos, que pessoas testadas apresentavam a presença do vírus após seu período ativo, os cientistas ainda não sabem se são restos virais, remanescentes da infecção prévia, ou se seria uma nova infecção.
As sorologias são outros exames desenvolvidos e utilizados para o diagnóstico do novo coronavírus. Estes exames fazem a dosagem de anticorpos produzidos pelo corpo em resposta à infecção, diferentemente do PCR que capta a presença do vírus.
Os anticorpos são proteínas – denominadas imunoglobulinas – produzidas pelo sistema imunológico contra um agente invasor, nesse caso o coronavírus. Sua função é reconhecer, neutralizar e marcar os componentes dos agentes infecciosos, para que o nosso organismo os elimine.O corpo humano desenvolve uma série anticorpos (Ex: IgM e IgG), que podem ser detectados em fases diversas da doença. Desta forma é possível identificar a presença de anticorpos para o SARS-CoV-2 nas pessoas que já foram infectadas pelo vírus.
Os anticorpos IgM podem ser encontrados nas fases iniciais da doença (geralmente após o sétimo dia de sintomas), e os anticorpos IgG aparecem após o 14º dia da doença e indicam que a pessoa provavelmente desenvolveu imunidade contra a doença. O que ainda não se sabe é o grau de proteção conferido por esses anticorpos IgG contra SARS-CoV-2 e se essa imunidade será permanente ou não.
Dessa forma, ainda não podemos afirmar, com 100% de certeza, que pessoas com IgG positivo para o coronavírus estão imunes à doença, como ocorre em outras viroses.
Algumas questões que vêm sendo discutidas quanto a imunidade vão desde de durabilidade da proteção, vírus com mutações, que poderiam se assemelhar ao vírus Influenza, que exige renovação das vacinas anualmente, e ainda a possibilidade de presença de anticorpos indicar somente a presença de infecção, sem conferir imunidade, a exemplo de vírus como o HIV e Herpes.
Durabilidade da proteção
A memória do sistema imunológico é semelhante à nossa, lembrando de algumas infecções, mas esquecendo de outras. O sarampo é um exemplo de doença com memória longa no sistema imunológico, depois de ter o contato com ele, proporciona imunidade ao longo da vida. No entanto, existem muitas outras doenças que não garantem a imunidade perene,apresentando reinfecção em menos de um ano. Para o novo coronavírus, ainda não sabemos ao certo por quanto tempo dura a imunização.
Mutação do novo coronavírus
O primeiro passo para conseguir derrotar um vírus é identificá-lo, verificar seus padrões de comportamento e tentar prever qual será seu próximo passo, assim pode ser desenvolvido tratamentos e vacinas. Porém, os vírus têm em sua natureza a característica da mutação. O vírus da gripe, por exemplo, sofre mutações rapidamente, por isso exige renovação das vacinas anualmente. O corpo humano não está imune à nova versão do vírus somente com a vacina do ano anterior. O novo coronavírus já está em mutação, mas até o momento esse processo não conferiu nenhuma vantagem ou tornou ele “mais forte”.
Enquanto não temos certeza se as pessoas já infectadas estão imunes ao novo coronavírus e não temos uma vacina, o melhor é continuar se prevenindo. Tome as medidas de proteção, como lavar as mãos frequentemente e se mantenha em distanciamento social, ficando em casa, quando possível.
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