Você tem problemas com a sua imagem? Conheça o transtorno dismórfico corporal Saúde Mental
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Quem nunca se olhou no espelho e pensou no que poderia ser melhor? Se em certa medida isso é natural, existem casos que pedem atenção. Pessoas podem ter uma imagem distorcida de si mesmas, preocupando-se excessivamente com falhas na aparência que geralmente são imperceptíveis para os outros. Elas desviam do espelho para não encarar o próprio rosto ou, ainda, sentem um magnetismo insuportável e gastam horas analisando detalhes específicos que lhe desagradam.
Esses são alguns sintomas do Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), ou síndrome da feiúra imaginária, que atinge cerca de 2% da população mundial, como mostram os dados do estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Aqui no Brasil, cerca de 4 milhões de pessoas, entre 15 e 30 anos, sobretudo mulheres, já foram diagnosticadas com o TDC.
O transtorno geralmente se apresenta durante a adolescência, justamente no período de transformações e descobertas, e sua causa tem origem múltipla: genética, psicológica e social. Situações de bullying ou abuso sexual, por exemplo, podem contribuir para o surgimento de percepções distorcidas da própria aparência física. Estudos mais consolidados indicam uma possível causa neurológica: o cérebro dos pacientes com TDC sofre de um descompasso de substâncias como noradrenalina, dopamina e serotonina, sobretudo nas regiões relacionadas à visão e ao gerenciamento de emoções.
Preocupação patológica: preocupação excessiva com o que a pessoa julga ser o seu defeito, seja ele real (ainda que imperceptível aos demais) ou imaginário.
Pensamentos obsessivos: o indivíduo costuma pedir a opinião dos outros ou tenta convencê-los do problema em sua aparência. Quando se compara a terceiros, é normal se subestimar.
Comportamento repetitivo: o espelho funciona como uma espécie de ímã e o portador de TDC tende a se olhar várias vezes ao dia ou até mesmo passar horas diante do espelho se autoanalisando. Em outros casos, o paciente pode ter angústia frente a sua própria imagem e por isso evita ao máximo se ver.
Sofrimento exagerado: a insatisfação é tanta que, muitas vezes, a pessoa pode evitar sair de casa. Para disfarçar seu problema, vale tudo: roupas largas, boné, óculos escuro e maquiagem pesada.
Os sintomas podem surgir de maneira gradativa ou súbita, variar de intensidade e podem persistir se não forem tratados adequadamente.
Os primeiros sinais de TDC não costumam ser detectados por psicólogos ou psiquiatras. São os dermatologistas, odontologistas e cirurgiões plásticos que, na maioria dos casos, atendem estes pacientes que estão buscando por procedimentos estéticos. Por isso, lembre-se de só tomar a decisão de mudar seu corpo com profissionais qualificados, que irão avaliar você como um todo. Estima-se que um terço das pessoas com o transtorno tenha recorrido a mais de uma cirurgia plástica para “corrigir” sucessivas vezes um mesmo problema, mas a cirurgia geralmente não vai ajudar a aliviar a ansiedade sobre a aparência física.
Os filtros usados nas redes sociais, como o Instagram, surgiram como uma brincadeira de se fantasiar, algo inofensivo, mas com o passar do tempo foi tomando rumos alarmantes.
A sociedade da selfie e dos filtros passou a transformar completamente as pessoas, mudando os traços do rosto, afinando o nariz, aumentando a boca, deixando as pessoas com uma aparência padronizada a partir de procedimentos, como rinoplastia, bichectomia, harmonização facial, e usando as imagens dos filtros como inspiração e com objetivo único de melhorar a aparência nas selfies. O problema não é querer parecer melhor, mas a linha entre a autoestima e os transtornos da mente é tênue e precisa de atenção.
O artigo Transtorno dismórfico corporal: contribuições para o cirurgião plástico, publicado na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, aponta que o índice de TDC entre as pessoas que fazem rinoplastia – cirurgia plástica no nariz – pode ser de 20% a 50%, enquanto em cirurgia plástica geral é mais baixo, por volta de 5%. Nas mulheres, a dismorfia corporal aparece mais entre 18 e 30 anos, e a prevalência se mantém em alta até os 60. Já 2,2% dos homens brasileiros sofrem com o distúrbio. No sexo masculino, a situação é mais comum entre 18 e 21 anos, mas há uma queda progressiva à medida que se envelhece.
Em 10 anos, o número de cirurgias em jovens e adolescentes no Brasil cresceu 140%, de acordo com boletim da USP. Segundo especialistas, o número pode estar relacionado com a pressão por perfeição vista nas redes sociais, por exemplo. Por isso, ao querer passar por um procedimento estético, lembre-se de se questionar sobre sua própria motivação.
O tratamento para o TDC é feito à base de psicoterapia, que pode ser tanto a terapia cognitiva comportamental quanto a psicanálise, e também de psiquiatria com medicação prescrita. A combinação não elimina a percepção distorcida da própria imagem, mas minimiza os efeitos dos sintomas – o paciente consegue evitar que eles interfiram em seus compromissos mais relevantes.
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