Racismo e saúde emocional: impactos da discriminação Saúde Mental
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O racismo e as desigualdades causadas por ele impactam diretamente na saúde da população negra. Esse prejuízo se manifesta de diferentes formas: seja na saúde emocional, seja em outros problemas agravados pelas condições socioeconômicas. No Brasil, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra “reconhece que o racismo vivenciado pela população negra incide negativamente nesses indicadores”, afetando diretamente a saúde destes indíviduos.
Algumas doenças e condições acometem todos os grupos sociais, mas são agravadas quando incidem sobre mulheres e homens negros “em razão das desvantagens psicológicas, sociais e econômicas geradas pelo racismo a que estão expostos”, explica o Sistema das Nações Unidas em publicação sobre a saúde de uma parcela da população negra. Entre os exemplos dessas doenças derivadas de condições socioeconômicas desfavoráveis estão:
Desnutrição
Mortalidade infantil elevada
Anemia ferropriva
AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis
Doenças do trabalho
Transtornos mentais resultantes da exposição ao racismo
Transtornos derivados do abuso de álcool e drogas
Ao pensar na saúde de forma integral, é possível perceber como o histórico prejuízo das condições socioeconômicas causado pelo racismo faz com que as pessoas negras estejam muitas vezes mais distantes dos cuidados médicos e também sofram de formas mais graves de algumas condições. Além disso, o abalo psicológico causado pela discriminação racial afeta a saúde emocional, o que traz consequências também para a saúde física.
O Atlas da Violência do Ipea de 2018 mostra que a chance de uma pessoa negra ser morta violentamente é quase três vezes maior que a de uma pessoa de outras cores/raça. Esses dados mostram que a violência está mais presente na vida dos negros, trazendo consigo medo, angústia e luto.
A exposição à violência está intimamente ligada a problemas de saúde emocional, como mostra um artigo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria. O texto revisou diversos estudos que mostram que, com grande frequência, transtornos emocionais estão associados com a exposição à violência. A experiência de violência na comunidade foi um dos fatores presentes na vida de pessoas com estresse pós-traumático. O sofrimento emocional, o abuso de álcool e drogas, a depressão e ideação suicida também foram comportamentos observados em pessoas expostas à violência.
A discriminação racial e a invisibilidade social afetam a autoestima, o bem-estar e a saúde emocional de homens e mulheres negros. Segundo o Ministério da Saúde, o risco de suicídio foi 45% maior em adolescentes e jovens negros comparados aos brancos em 2016. Estudos indicam uma maior prevalência de transtornos mentais, como a depressão, entre pessoas não brancas. Além disso, estudos mostram indícios de que pessoas negras estão mais sujeitas a sofrer de estresse por causa do racismo.
O cuidado com a saúde emocional é, portanto, essencial. Existem psicólogos, terapeutas e psiquiatras especializados em questões de violência de raça. O tratamento psicoterapêutico é um recurso para tratar problemas emocionais, mas também deve ser encarado como uma maneira de prevenir esses transtornos, indica o psiquiatra João Becker no sexto episódio do podcast Única Mente.
Uma boa saúde emocional contribui para uma boa saúde física. Dormir bem, alimentar-se adequadamente e fazer atividades físicas são a chave para uma boa saúde do corpo e da mente.
Para além da questão de raça, as disparidades entre gênero também costumam afetar mais as mulheres negras quando o assunto é saúde. A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra revela que mulheres negras também morrem mais que mulheres brancas, e estudos no Brasil, país cuja população em sua maioria é negra, também mostram que a ocorrência de transtornos mentais comuns é maior em mulheres pretas ou pardas.
Nesse contexto, mulheres negras e pardas enfrentam mais desafios diante da saúde emocional. Por outro lado, autoamor, acolhimento e empoderamento são elementos vitais para a superação e o cuidado da saúde mental das mulheres negras. E o diálogo é fundamental.
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