Você sabe o que são as doenças tropicais? Doenças Comuns
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Nos últimos dois anos, para além dos efeitos da pandemia no sistema de saúde, vimos também o aumento de outras doenças, entre elas as doenças tropicais negligenciadas. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), essas enfermidades atingem mais de 200 milhões de pessoas só nas Américas e 1 bilhão no mundo todo.
As doenças tropicais são, em sua maioria, endêmicas, transmitidas por insetos e estão diretamente relacionadas a fatores socioeconômicos, pois estão mais presentes em países que não têm condições de estabelecer medidas efetivas de controle, prevenção e tratamento.
A lista das doenças tropicais conta com patologias conhecidas, como malária, dengue, chikungunya, Doença de Chagas; e a OMS tem uma classificação especial para as 20 enfermidades mais negligenciadas, aquelas que não recebem a atenção que deveriam, como dengue, hanseníase e leishmaniose.
Você já deve ter ouvido falar desses nomes. É que o Brasil é um dos países em que é possível encontrar a maioria dessas doenças classificadas pela OMS. E nos últimos anos, essas e outras enfermidades tropicais tiveram um aumento considerável da mortalidade por aqui.
Um estudo feito com dados do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) durante os primeiros oito meses de 2020, confrontados com valores médios desse mesmo período dos anos de 2017 a 2019, mostrou uma diminuição no número de pessoas que procuraram tratamento para algumas dessas doenças no país, mas um aumento da taxa de mortalidade.
Apesar de não haver vacina para a maior parte dessas patologias, elas têm tratamento. Por isso, é importante ficar atento aos sintomas e procurar atendimento médico sempre que houver suspeita. Veja a seguir os principais sintomas de algumas das enfermidades:
A malária é uma das principais doenças tropicais do mundo e só no Brasil foram 145.188 casos em 2020, a maioria deles na região amazônica. Ela é causada por protozoários, que são transmitidos aos seres humanos por um mosquito.
Os sintomas mais comuns da doença são febre, sudorese, calafrios, mal-estar, tonturas, cansaço, vômitos, mialgia e dores de cabeça intensas. Em casos graves, ela pode causar icterícia, convulsões, coma ou morte. Geralmente, a febre da malária acontece a cada 48 ou 72 horas, dependendo do agente que está causando a infecção.
Essa doença tem tratamento, que é diferente para cada espécie do parasita, por isso é essencial buscar atendimento médico.
Para os brasileiros, a dengue é uma realidade alarmante, afinal o país concentra 70% dos casos da doença no mundo. Para se ter uma ideia, em 2021, ano em que houve queda nos registros, o Brasil registrou 534.743 casos prováveis de dengue e 241 óbitos por causa da doença.
A dengue é causada por um vírus e transmitida por um mosquito, o aedes aegypti. Os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça, dores pelo corpo e náuseas. Como esses sintomas são parecidos com os de várias outras doenças, é importante procurar atendimento médico para ter um tratamento adequado.
A dengue pode evoluir rapidamente para um quadro mais grave, também conhecido como dengue hemorrágica, quando há manchas vermelhas na pele, sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos.
A principal forma de prevenção à dengue é o controle do mosquito, que também transmite zika e chikungunya.
A hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa, que afeta os nervos e a pele. Ela é causada por um bacilo, transmitido por meio de secreções nasais, gotículas da fala, tosse ou espirro de alguém infectado.
Conhecida também como lepra ou mal de Lázaro, ela afeta milhares de brasileiros todos os anos: em 2020, 17.979 casos foram notificados no Brasil, o que faz do país o segundo lugar com maior número de casos no mundo, atrás apenas da Índia.
Entre os sintomas estão sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades; manchas brancas ou avermelhadas, geralmente com perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato; áreas da pele aparentemente normais que têm alteração da sensibilidade e da secreção de suor; caroços e placas em qualquer local do corpo; e diminuição da força muscular (dificuldade para segurar objetos).
A hanseníase tem cura e quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores as chances de melhora.
A leishmaniose é causada por um parasita, transmitida por um mosquito e se apresenta de duas formas: tegumentar e visceral.
A leishmaniose tegumentar (LT) causa feridas na pele, no local onde o mosquito picou, e que são difíceis de cicatrizar. Popularmente conhecida como “ferida brava”, ela também pode se manifestar como lesões inflamatórias nas mucosas do nariz ou da boca. A LT é o tipo mais comum no Brasil: em 2019 foram 15.484 casos novos.
Já a leishmaniose visceral (LV) atinge os órgãos internos, principalmente o fígado, o baço e a medula óssea e é mais comum em crianças de até dez anos. Os principais sintomas são febre irregular, prolongada; anemia; indisposição; palidez da pele e/ou das mucosas; falta de apetite; perda de peso; e inchaço do abdômen por causa do aumento do fígado e do baço. Em 2019 foram confirmados 2.529 casos novos de LV no país, e a taxa de letalidade da doença foi a mais elevada dos últimos 10 anos.
O diagnóstico da leishmaniose é feito com exames clínicos e laboratoriais, e a detecção e tratamento precoces são fundamentais para evitar o agravamento da doença.
Transmitida através das fezes do inseto “barbeiro”, a Doença de Chagas atinge 12 milhões de pessoas nas Américas; somente no Brasil, são mais de 1 milhão com a doença. Parasita ainda comum em regiões como o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e no nordeste da Bahia, o barbeiro vive nas frestas das casas de pau-a-pique, ninhos de pássaros, tocas de animais, casca de troncos de árvores e embaixo de pedras.
Os sintomas da doença costumam ser febre, mal-estar, inflamação e dor nos gânglios, vermelhidão, inchaço nos olhos, aumento do fígado e do baço. Muitas vezes, após os sintomas desaparecerem, a pessoa pode não entender o que ocorreu, mas o parasita já se alojou em alguns órgãos, como o coração, o intestino e o esôfago. Por isso, muita gente pode descobrir que possui a doença apenas anos mais tarde, ao fazer um exame de sangue de rotina.
Há tratamento específico para a doença na fase latente com administração de remédios, o que costuma ser feito em hospitais devido aos efeitos colaterais. Na fase crônica, no entanto, o tratamento é direcionado às manifestações da doença a fim de controlar os sintomas e evitar as complicações.
