Ronco, o Grande Inimigo das Noites de Sono Distúrbios
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Muita gente sofre com ele, e a boa notícia é que é possível fazer algo para minimizar o problema.
Dormir bem não é luxo, mas uma necessidade básica e fundamental. Sem uma boa noite de sono, tanto a mente como o corpo são afetados, prejudicando o dia seguinte. Além disso, se a situação se tornar constante, pode causar até problemas maiores, como lapsos de memória ou outros distúrbios. Mas, infelizmente, muita gente sofre com isso.
Uma pesquisa feita em todo o território nacional1 indica que 76% das pessoas sofrem algum distúrbio do sono. O mais comum entre eles é o ronco: um em cada quatro entrevistados se queixaram disso. Sim, porque, ao contrário do que alguns pensam, roncar não é um sinal de que se está dormindo bem e pode ser considerado sintoma de algum distúrbio de sono.
MAS, AFINAL, O QUE É O RONCO?
O som feito por quem parece dormir profundamente é sinal de que o ar não está passando de forma natural pelos pulmões. O corpo então entende que precisa de oxigênio e faz um esforço extra para sugar mais forte, se cansando em um momento em que deveria estar repondo energias. Por isso, a pessoa que ronca não descansa o quanto deveria durante o sono.
Algumas pessoas estão mais suscetíveis a roncar do que outras por fatores como sobrepeso e obesidade, problemas respiratórios, refluxo, fumo e ingestão de bebidas alcoólicas. Com o tempo, o ronco pode causar dores de cabeça ao acordar, arritmia cardíaca, dificuldade de concentração, sonolência durante o dia, irritabilidade e cansaço.
É importante distinguir o ronco em relação à sua intensidade: um ronco leve (ruído suave) é considerado normal e não deve ser causa de preocupação. Já o ronco alto, além do desconforto que causa, pode ser um sinal de que a pessoa possui algum distúrbio do sono, geralmente a apneia obstrutiva do sono (SAOS). Ela, por sua vez, é um fator de risco relevante para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e de acidente vascular cerebral (AVC).
Como base de comparação, o volume sonoro de uma conversa normal chega a 60 decibéis (dbs) e o som de um aspirador de pó, 70 dbs. Já o ronco alto se aproxima dos 100 dbs. Ou seja, ao perceber ou ser informado que está roncando muito e/ou alto demais é importante que você consulte um médico para dar a devida atenção ao quadro. Apenas um profissional da saúde pode avaliar, diagnosticar e indicar o tratamento adequado de acordo com o grau do problema.
Existem algumas medidas que podem ser adotadas para reduzir os fatores que levam ao ronco2:
Dormir de lado e em colchão e travesseiros adequados para o seu corpo
Seguir as orientações médicas caso tenha problemas respiratórios, refluxo gastroesofágico ou bruxismo (ranger de dentes durante o sono)
Manter o peso adequado
Evitar fumar e consumir bebidas alcoólicas
Controlar a pressão sanguínea para mantê-la em níveis adequados
Praticar atividades físicas
Pesquisadores da Universidade de Oxford descobriram que o ronco é uma das causas mais comuns para o divórcio, ficando atrás apenas da infidelidade e de problemas financeiros. Isso porque parceiros de quem ronca costumam ter a qualidade do sono afetada, gerando insônia, irritabilidade e fadiga, além de, naturalmente, prejudicar o relacionamento do casal.
OUTROS PROBLEMAS
Roncar não é o único vilão noturno. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 40% da população mundial sofre de algum distúrbio do sono. Entre os mais comuns estão a insônia (dificuldade para dormir e/ou manter o sono ou despertar precoce), a síndrome das pernas inquietas (agitação involuntária das pernas e, em casos mais graves, dos braços) e a apnéia obstrutiva do sono (obstrução da via aérea no nível da garganta durante o sono, que leva a uma parada de respiração).
Em parceria, pesquisadores do Laboratório do Sono do Instituto do Coração (INCOR) do Hospital das Clínicas (HC) e da faculdade de Medicina da USP (FMUSP) desenvolveram uma técnica baseada em exercícios que, se praticados diariamente e com orientação de um fonoaudiólogo, reduzem a frequência e a altura do ronco e ajudam no tratamento da apnéia do sono.
A USP divulgou os exercícios de forma simplificada para o público:
Empurrar a língua contra o céu da boca e deslizá-la para trás;
Sugar a língua para cima, pressionando-a por completo contra o céu da boca;
Forçar a parte posterior da língua contra o “chão” da boca, mantendo a sua ponta em contato com os dentes incisivos inferiores;
Elevar a parte de trás do céu da boca e a úvula (conhecida popularmente como “campainha”) enquanto diz a vogal “A”;
Posicionar o dedo na parte interna da bochecha entre os dentes e pressionar a bochecha para fora (cada lado da boca);
Durante a alimentação, manter uma mastigação bilateral alternada e deglutição usando a língua no palato.
1 Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)
2 Ministério da Saúde